Alguns medicamentos, como os inibidores da enzima conversora da angiotensina (como o captopril, por exemplo), utilizados para o controle da hipertensão arterial, também provocam tosse como efeito indesejado.  
Uma das funções da tosse é expelir substâncias irritantes ou a quantidade exagerada de secreções do trato respiratório. O sistema nervoso central controla a tosse, de forma que alguns medicamentos conhecidos como antitussígenos podem atuar diretamente no centro regulador da tosse no cérebro. Outros supressores da tosse atuam perifericamente, diminuindo a estimulação de substâncias irritantes sobre receptores específicos presentes na mucosa do trato respiratório.  
No geral, não é interessante suprimir a tosse, pois ela funciona como um sistema de limpeza e normalmente é autolimitada, ou seja, mesmo sem o uso de um medicamento ela acaba por completo em poucos dias. Entretanto, se ela se tornar incômoda, atrapalhando o sono, ou proibitiva, como no período pós-cirúrgico, a prescrição de um antitussígeno é a medida mais racional. Agentes como cloperastina são antitussígenos com ação central, enquanto dropropizina e levodropropizina são supressores da tosse de ação periférica.   
Para os outros casos, preparações contendo expectorantes ou mucolíticos são mais indicadas, já que permitem a fluidificação das secreções e a expectoração, facilitando a expulsão do excesso de muco que, por fim, interrompe o reflexo da tosse. Desse grupo fazem parte os Uma estratégia não farmacológica também pode ser útil, como é o caso da ingestão de mel, um agente demulcente que protege a mucosa do trato respiratório da ação irritante de substâncias que estimulam a tosse. Água também é indicada, pois apresenta o potencial de promover a redução da viscosidade do muco, facilitando a sua eliminação. 
Mas tosse crônica, que persiste por mais de três semanas, sempre justifica uma avaliação médica, para investigar quais as causas subjacentes. Apesar de ser um sintoma corriqueiro, experimentado por qualquer pessoa, a tosse persistente pode ser indício de situações sérias que precisam de um diagnóstico preciso para a instituição das medidas terapêuticas adequadas.  
E como seria de se esperar, inúmeros efeitos adversos, que variam em intensidade, podem ser causados pelo uso de antitussígenos, expectorantes e mucolíticos. Entre os sintomas mais frequentemente relatados estão o aparecimento de náuseas e vômitos, diarreia, sonolência, tontura, secura da boca, reações alérgicas, broncoespasmo e febre. Alguns pacientes podem não tolerar alguns desses efeitos. 
A sonolência e a tontura são motivos para a não utilização de certos medicamentos por motoristas ou outros profissionais que precisam estar totalmente atentos para a execução de suas atividades laborais. O mesmo vale para pacientes idosos, em que tontura e hipotensão são causas comuns de quedas com consequências potencialmente drásticas. E para os asmáticos, o broncoespasmo causado pode ser o início de uma crise aguda de asma, denominada exacerbação da asma, o que prejudica a vida cotidiana desses pacientes.  
Em caso de tosse, nada de automedicação! Converse com o seu médico ou farmacêutico para você resolver o problema.   
Rodrigo Batista de Almeida - Professor
do Instituto Federal do Paraná.