temática é o Setembro Amarelo. A origem do Setembro Amarelo foi a morte de Mike Emme, de 17 anos. Mike vivia nos Estados Unidos e em 1994 tirou a própria vida em seu Mustang amarelo. Amigos e familiares distribuíram no seu funeral cartões com fitas amarelas contendo mensagens de apoio voltadas para outras pessoas que pudessem estar enfrentando o mesmo problema. De uma iniciativa despretensiosa, a campanha se alastrou por vários países e, a partir de 2003, o dia 10 de setembro foi escolhido como o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.
No Brasil, o Setembro Amarelo acontece desde os primeiros anos da década de 2010. Vários prédios e locais públicos são iluminados com a cor amarela, em alusão à campanha, que envolve, também, a organização de eventos para discussão sobre o suicídio, de maneira técnica, científica, ética e acolhedora.
Algumas pessoas entendem que o ato de encerrar a própria vida é uma questão de foro íntimo e relacionada ao livre arbítrio. No entanto, esse entendimento não poderia estar mais equivocado, uma vez que as vítimas de suicídio, na sua grande maioria, estão enfrentando doenças mentais, muitas das quais não foram diagnosticadas adequadamente, ou, ainda que detectadas, carecem de um tratamento efetivo.
Nesse sentido, pessoas que cometem o ato não estão com a capacidade de julgamento preservada e distorcem a realidade, não encontrando alternativas ao suicídio. Isso demonstra que é preciso investir em saúde mental a fim de garantir que as pessoas consigam acessar os serviços de saúde especializados na busca por um diagnóstico. De posse do diagnóstico preciso, ainda há desafios, pois a adesão aos medicamentos, bem como às medidas não farmacológicas (psicoterapia, diminuição no uso de álcool, prática de exercícios físicos e alteração na dieta), nem sempre ocorre de maneira satisfatória.
A pessoa que apresenta sintomas que podem indicar um transtorno mental, como alteração no humor, irritabilidade, choro excessivo, sensação de tristeza, sentimento de desvalia, culpa excessiva, alteração significativa no peso corporal, mudança no padrão de sono etc. deve buscar ajuda profissional o mais rápido possível. Precisamos ficar mais atentos, também, às pessoas em vulnerabilidade social, usuárias de drogas psicoativas, sem amigos íntimos e com isolamento social, pois todas essas características são fatores de risco para o comportamento suicida.
Para todos os transtornos mentais, há tratamento disponível, inclusive no SUS. O problema é a falta de profissionais especializados. O Brasil apresenta um déficit de psiquiatras, aliado à concentração desses profissionais em capitais e grandes centros.
No entanto, todos os médicos, independentemente da especialidade, podem fazer um atendimento adequado, identificando os transtornos mentais e propondo medicamentos para o controle dos sintomas. Restrição ao acesso a meios letais (armas de fogo, medicamentos potencialmente letais e acesso a locais de onde o indivíduo pode se jogar) também é uma medida no enfrentamento dessa questão.
Se você estiver precisando de ajuda, vá até uma unidade básica de saúde ou procure o Centro de Atenção Psicossocial – CAPS (3262-2781). Para situações de emergência, contate o SAMU (192) ou leve a pessoa à UPA. Se estiver precisando de apoio emocional, ligue para o Centro de Valorização da Vida – CVV (188), serviço disponível 24 horas por dia, sete dias por semana.
Rodrigo Batista de Almeida
Professor do Instituto Federal do Paraná (IFPR).